Tarifaço do Trump - Como isso impacta o Brasil e o mundo?
1. A fórmula das tarifas: simples demais para ser levada a sério?
A Casa Branca divulgou um método rudimentar para o cálculo das tarifas: divisão do déficit comercial bilateral pelas importações do país-alvo, com ajuste por um fator de 50%. Na prática, isso resultou em tarifas que vão de 20% (UE) a 46% (Vietnã). A abordagem foi duramente criticada por economistas como Lawrence Summers, que comparou o modelo à astrologia na astronomia — simplista, ideológico e sem base empírica.
2. Impacto nos mercados: pânico e volatilidade
As reações foram imediatas. Bolsas americanas registraram seu pior desempenho desde o início da pandemia em 2020. Empresas com produção fortemente concentrada na Ásia, como Apple, Dell e Nike, despencaram. O mercado brasileiro, por sua vez, foi menos afetado: o Ibovespa recuou apenas 0,04%, enquanto o dólar caiu 1,2%, refletindo o relativo alívio para o Brasil frente a países como China, Taiwan e Japão.
3. Brasil: alívio momentâneo ou calmaria antes da tempestade?
Embora o Brasil não esteja entre os alvos principais da primeira leva de tarifas, os analistas alertam: o país pode ser impactado indiretamente pela desaceleração do comércio global e pela retração da economia americana. Além disso, nada impede que uma nova rodada de tarifas inclua o Brasil — especialmente se o déficit bilateral aumentar ou se houver pressão interna nos EUA por mais protecionismo.
4. Especialistas preveem recessão global se política continuar
O think tank AEI prevê que, mantida essa política, os EUA caminham para uma recessão — e o mundo pode ser arrastado junto. A renda das famílias americanas deve cair em até US$ 3.800 por ano, e os mais pobres sentirão com mais força. A referência histórica usada por analistas é o “Smoot-Hawley Tariff Act” de 1930, que ajudou a aprofundar a Grande Depressão.
5. E agora? Expectativa é de retaliações e turbulência
A União Europeia e outros países já cogitam medidas retaliatórias. O clima entre aliados comerciais dos EUA azedou, e há temor de uma nova guerra comercial de proporções globais. Economistas alertam que tarifas impostas sem negociação ou critério técnico podem gerar um efeito dominó difícil de reverter.
Conclusão
O tarifaço de Trump é mais do que uma medida de política comercial — é uma declaração de intenções. Ao adotar uma postura combativa com base em fórmulas simplificadas, ele reacende fantasmas do passado protecionista americano. Resta saber se os impactos serão contidos ou se caminhamos para uma nova era de turbulência econômica mundial.
Comentários
Postar um comentário